Paratleta usando uma calha para bocha paralímpica categoria BC3 – Imagem: arquivo CINTESP.Br/UFU

Texto: Cristiane de Paula – jornalista CINTESP.Br/UFU

Revisão: Silvio Soares – pesquisador CINTESP.Br/UFU

A calha para bocha paralímpica para categoria BC3, será a inovação em tecnologia assistiva (TA) desenvolvida pelo CINTESP.Br/UFU que será testada neste Campeonato Nacional. Ela é um equipamento que apresenta características inéditas e já patenteado pela Universidade Federal de Uberlândia.

As competições do Campeonato Nacional de Bocha Paralímpica terão início neste domingo (25). Elas serão realizadas na Arena Sabiazinho, em Uberlândia. O Torneio é uma realização da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande), com o apoio da Prefeitura de Uberlândia, por meio da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel).

Para a realização do Campeonato, a Arena do Ginásio Sabiazinho será dividida em 10 quadras para competição da bocha paralímpica. Cada partida será importante para somar pontos e melhorar a posição dos paratletas nos rankings nacional e internacional.

Serão quase 400 participantes, o maior evento já realizado no Brasil, dos quais 149 são paratletas em competição até o dia 30. Cristiano Silva, Luiz Humberto Naves Filho, Pedro Henrique e Gustavo David da Aparu, o treinador da seleção brasileira Glênio Fernandes que também é profissional de educação física da Futel além de, Mateus Carvalho do Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU/Praia/ Futel), devem participar deste evento. Mateus foi, este ano, ouro e prata no World Boccia Challenger, em Roma, na Itália.

Quem utilizará a calha da bocha paralímpica, produzida pelo CINTESP.Br/UFU para categoria BC3, será a paratleta Karen da Adefu (Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba).  Karen utiliza a nova calha há dois meses, estreou no Campeonato Brasileiro de Jovens conseguindo ganhar 4 parciais, superando os resultados do Campeonato anterior. “É muito boa, (a calha), o equipamento é muito fácil de manusear, ela (a Karen) usava um bocha importada. Essa calha agora é mais para o jeito dela soltar a bola, é mais funcional,  e ela desenvolve mais o potencial técnico de jogo, estamos fazendo uma experiência com os pesquisadores para chegar ao modelo ideal pra Karen, já tivemos um grande avanço”, completa Janaína Pessato, mãe e treinadora da Karen.

O CINTESP.Br/UFU fez o lançamento ao público da calha em março deste ano durante o LANCE PcD 2022, evento onde também foram lançados outros 20 produtos de inovação em tecnologia assistiva. Todos os produtos com registro de patente e alguns já licenciados pela UFU. São equipamentos voltados para o paradesporto, vida diária,  para o lazer, saúde e educação para pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e com doenças raras. Além da inovação tecnológica uma outra característica da tecnologia assistiva é a de ser 100% nacional, possibilitando menor custo de aquisição que os equipamentos encontrados no mercado.

O Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos (CINTESP.Br/UFU), desde o final de 2019, com financiamentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)  e Ministério Público do Trabalho (MPT/Região Uberlândia), desenvolve pesquisas de inovações em tecnologia assistiva (TA) em diversas modalidades do esporte paralímpico. Uma parceria que envolve a Prefeitura Municipal de Uberlândia por meio da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Praia Clube de Uberlândia, o Grupo Algar, Algar Telecom e Brain Instituto de Ciência e Tecnologia, Sesi Gravatás (Fiemg) além de trabalhar  em Rede Colaborativa multidisciplinar com diversos Centros de pesquisas do país.

A tecnologia assistiva desenvolvida pelo CINTESP.Br/UFU para as calhas auxilia no direcionamento das jogadas proporcionando um aumento cada vez maior da eficiência das jogadas, somando com o paratleta a técnica e o talento para alcançar resultados cada vez melhores.

De acordo com, Sílvio Soares, pesquisador do CINTESP.Br, para se chegar à inovação em tecnologia assistiva da calha e de outros equipamentos desenvolvidos, foi tomado como base, depoimentos de paratletas de alto rendimento, à partir de suas percepções acerca desses equipamentos: “foram muitos estudos feitos, vários eventos-teste desenvolvidos para validação deles, busca de soluções para os problemas que se apresentavam, desde a curvatura e largura da calha à forma que a bola sai da mesma e entra em contato com o solo, aferição de velocidades etc.”, completa o pesquisador Silvio Soares. Outra inovação da calha desenvolvida pelo CINTESP.Br/UFU é a fabricação por manufatura aditiva (impressão 3D) reduzindo seu custo e peso o que facilita, sobremaneira, o transporte.

A bocha adaptada estreou em 1984, nos Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville. O jogo de bocha consiste em empurrar as bolas coloridas o mais perto possível de uma bola branca.

No caso dos paratletas, eles disputam em classes de acordo com o nível da deficiência. Para o jogo eles ficam sentados em cadeiras de rodas e limitados a um espaço demarcado para fazer os arremessos. Para aqueles com limitação severa de movimentos, a maioria com paralisia cerebral, o movimento da bola dentro da calha é produzido pelo acionamento de uma ponteira ou antena fixada a um capacete utilizado pelo atleta. Para o êxito da jogada cabe ao paratleta toda a competência em obter o melhor ângulo e inclinação da calha para que a bola atinja o objetivo, que é o de chegar o mais perto possível da bola branca ou bloquear as jogadas do adversário. Os jogadores são auxiliados pelos “calheiros”, que posicionam a canaleta conforme a orientação do paratleta.

1 comentário

  1. Minha filha tem 19 anos, tem paralisia cerebral e começou a treinar esta modalidade da bocha adaptada pela APAE da minha cidade mas não estamos conseguindo um capacete adequado para que ela possa ter mais rendimento nos treinos. Você saberia me dizer onde conseguir ou quem faça alguma customização em um capacete que ela já tem? Somos de Santo Antônio da patrulha no Rio grande do Sul

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