Vencer o mercado e buscar mais fontes de recursos estas foram as missões apresentadas pelos Coordenadores da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNDPD) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), que anunciou somar esforços com o Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos, vinculado à Universidade Federal de Uberlândia (CINTESP.Br/UFU), após a visita feita às unidades de pesquisas e validações do CINTESP.Br/UFU e de parceiros. “O mercado tem condições de adaptar-se muito bem para absorver estas novidades, fabricar e promover uma revolução para a sociedade com o tempo reduzido de fabricação”, disse Sergio Paulo da Silveira Nascimento coordenador Geral de Acessibilidade e Tecnologia do MMFDH.

A visita ocupou a agenda durante todo o dia (31/05) em Uberlândia. Os coordenadores Yara Helena de Carvalho Paiva, da Coordenadoria de Tecnologia Assistiva e Sergio Paulo da Silveira Nascimento coordenador Geral de Acessibilidade e Tecnologia, ligadas ao MMFDH, conheceram primeiro a unidade do SESI Gravatás, onde são feitas as validações com o uso dos equipamentos desenvolvidos para o alto rendimento do paradesporto. Eles conversaram com treinadores, com paratletas e conheceram detalhes do banco de arremesso e dos equipamentos da academia para cadeirantes.

Em seguida, na Arena Sabiazinho, os representantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos visitaram os laboratórios onde são desenvolvidas diferentes etapas de produção de projetos, entre elas as de desenhos, de automação, de prototipagem, de modelagem, de biomecânica e de educação inclusiva, conversaram com pesquisadores e crianças atendidas pelo projeto de educação inclusiva em acessibilidade.

Entre os projetos apresentados, os coordenadores conheceram a bengala para pessoa surdo cega que está em fase de montagem e testes. Equipamento que apresenta inovação quanto a amplitude de área, de altura de identificação de obstáculos, incluindo espaços vazios(buracos) alertando o usuário em forma de vibração. Projeto desenvolvido em parceria com pesquisadores do Centro Paula Souza (CPS/SP), da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Sorocaba, dentro do formato de rede colaborativa desenvolvido pelo CINTESP.Br/UFU. “Ainda estamos incorporando inovações, já reduzimos bastante o peso, a amplitude de alcance dos sensores investindo mais tecnologia e desta bengala vamos replicar no modelo de andador que será feito, também com tecnologia nossa, por prescrição para atender as modificações do corpo da pessoa surdo cega, uma jovem que está fazendo parte de nossas pesquisas”, acrescentou Lucas Cardoso, pesquisador autor do projeto.

No laboratório de biomecânica, conheceram o equipamento para prescrição de cadeiras de rodas e o ergômetro para cadeirante, equipamentos que recentemente receberam Carta Patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O equipamento, com tecnologia já à disposição para fabricação pelo mercado, poderá ser usado para acompanhamento físico e diagnósticos de saúde de pessoas em cadeiras de rodas. O uso do ergômetro para cadeirantes é similar ao ergômetro em esteiras usado para andantes. “Esse equipamento já foi testado por cardiologista que acompanhou o desenvolvimento do projeto e aprovou a eficácia dele em diagnósticos e monitoramento de frequência cardíaca similares ao uso em esteira com pessoas andando, o ergômetro para cadeirante vai oferecer fidelidade nos procedimentos médicos e de preparação física”, completa Sérgio Augusto, autor do projeto

Oficina projetos inclusivos e pesquisador do CINTEPS.Br/UFU apresentando dispositivo em 3D para vida diária

Ainda na Arena Sabiazinho, os representantes do MMFDH conheceram o projeto de educação inclusiva feito com associações e escolas públicas. A visita foi acompanhada pela vereadora Amanda Gondim, relatora da Comissão de Direitos Humanos, Sociais e do Consumidor, além de fazer parte da Comissão Pessoa com Deficiência e da Pessoa com Doença Rara,  e pelo diretor da FUTEL, Edson Zanatta, um dos parceiros do CINTESP.Br/UFU, por meio da Prefeitura de Uberlândia. O diretor falou da importância da rede colaborativa de parceiros para atender a sociedade, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida desde a iniciação até o alto rendimento. “Nossa cidade tem um projeto único e estamos sendo referência também na agenda de campeonatos do paradesporto, por oferecermos estrutura para isso, agora em setembro, por exemplo, teremos uma etapa do Nacional de Bocha paralímpica, aqui em nossa cidade”, completou o diretor da FUTEL.

E no setor de projetos inclusivos foram apresentados pelos pesquisadores ferramentas e dispositivos pedagógicos a partir da necessidade de uma criança com doença rara que faz parte de um experimento com impressão em 3D para fabricação de um dispositivo para vida diária. Na atividade pedagógica da semana um grupo de alunos da Instituição Pública Ação Moradia conheceu os espaços e projetos desenvolvidos pelo CINTESP.Br. No final da visita eles desenvolveram trabalhos visando contribuir com a mobilidade e acessibilidade de crianças com deficiência e doenças raras. Os jovens foram estimulados sobre a importância de recursos e mecanismos acessíveis como de identificar formas e texturas, sensações e objetos. O resultado foram trabalhos didáticos para percepções sensoriais para múltiplas deficiências.

Os coordenadores do MMFDH ainda se reuniram com o Vice-reitor, Carlos Henrique de Carvalho e o diretor da Agência Intelecto, professor Thiago Paluma. A reunião teve como objetivo principal conhecer, com mais detalhes, o projeto do Centro Nacional de Tecnologias para Pessoas com Deficiência e Doenças Raras (CNT-MCTI) que faz parte da Política de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e Inovação para Qualidade de Vida do MCTI. “Nós reconhecemos o trabalho dos pesquisadores do CINTESP e vemos com muita satisfação o que estamos conseguindo fazer em tempo de momentos difíceis, aqui estamos conseguindo desenvolver um grande projeto para atender pessoas”, completa o Vice-reitor Carlos Henrique de Carvalho.

O CNT será o maior espaço criado para concentrar as pesquisas e criar ferramentas de incentivo ao empreendedorismo com a finalidade  de inovar, reduzir custos e aumentar as entregas de inovações tecnológicas para a sociedade, “o CNT surgiu por meio do CINTESP.Br/UFU, a referência da nossa Universidade pela quantidade e variedade de patentes conquistadas pela UFU, sem falar do nosso Hospital, o maior entre os 40, da Rede Ebserh e de nossos laboratórios” completa o diretor Thiago Paluma.

A visita e o conhecimento de detalhes do projeto do CNT/MCTI deixou entusiasmados os coordenadores que reforçaram a participação por meio do Comitê Interministerial, criado pelo Plano Nacional de Tecnologia Assistiva, de acordo com Sérgio NASCIMENTO, coordenador Geral de Acessibilidade e Tecnologia do MMFDH, poderá elaborar o primeiro Catálogo Nacional de tecnologia assistiva, “queremos elaborar o ‘Estado da Arte’ da tecnologia assistiva que envolve a vida diária das pessoas com deficiência e com doenças raras e a experiência que vocês têm de fazer com a interface da validação é algo muito importante nesse processo”, completa o coordenador.

A visita dos coordenadores do MMFDH encerrou no Praia Clube Uberlândia, parceiro na rede colaborativa na preparação dos paratletas que se destacam para a inclusão nos campeonatos nacionais e internacionais. Atualmente o Praia Clube tem mais de 80 atletas de diferentes modalidades que somaram nas Paralimpíadas de Tóquio 10% das medalhas do Brasil. “Nós investimos em toda a assistência de nossos atletas, Uberlândia faz no paradesporto, com essa rede colaborativa, o que não existe no Brasil e para as próximas paralimpíadas podemos mais que dobrar o número de medalhas”, completa Guto Braga, presidente do Praia Clube Uberlândia. “Nosso objetivo é desenvolver produtos e fortalecer essa rede de colaboradores para chegar com custo reduzido de inovações em TA e cada vez mais rápido para a sociedade, o que produzimos não pode ficar nos laboratórios e com a união dos Ministérios podemos encontrar caminhos para os equipamentos chegarem para uso de quem precisa”, reforça Cleudmar Araújo, coordenador do CINTESP.Br/UFU.

Os projetos do CINTESP.Br/UFU são financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT/Uberlândia-MG), pela UFU e agências de fomento brasileiras como a Fapemig, o CNPq e a CAPES. A forma de atuação em rede colaborativa, multidisciplinar e em parcerias, inédita no Brasil, fortalecem as pesquisas, aceleram os processos e aproximam os pesquisadores da sociedade. Em Uberlândia, os projetos acontecem em conjunto com a Prefeitura Municipal de Uberlândia por meio da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Praia Clube de Uberlândia, o Grupo Algar/Brain Instituto de Ciência e Tecnologia, e Sesi Gravatás (Fiemg).  “Ver um projeto desse, com uma cidade toda envolvida nesse tema é muito emocionante, a gente sempre ouve falar mas não tínhamos a dimensão, essa integração concentrada em um objetivo comum é inovadora”, completa a coordenadora de Tecnologia Assistiva, Yara Helena de Carvalho Paiva, do MMFDH.

 

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