Para isso o Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia e o MCTI apostam na transferência de tecnologia

Muitas pessoas quando assistem a uma corrida de Fórmula 1 não fazem ideia de que muitas das tecnologias usadas nos velozes carros de corrida, após passarem por testes e se tornarem financeiramente mais acessíveis, são incorporadas nos automóveis de passeio, que circulam dia a dia nas ruas. Como exemplo, temos o freio ABS, a transmissão automática de marcha, o volante multifuncional, dentre outras. Porém, essa transferência de tecnologia não acontece apenas no automobilismo. Um outro exemplo de transferência que visa a diminuição de custos pode ser observado em tecnologias assistivas, como no projeto desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos (CINTESP.Br), vinculado a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em parceria com Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI).

O projeto desenvolveu um equipamento de prescrição automatizada de cadeira de rodas de corrida personalizadas para o esporte paralímpico. É um protótipo que permite que o paratleta tenha a sensação real da sua futura cadeira de corrida com diferentes tipos de regulagens. A ideia é que o atleta possa testar a cadeira e, após tirar todas as medidas personalizadas, um software transfere os dados em tempo real para a empresa, onde de forma automatizada o projeto da sua nova cadeira é processado e, na sequência, transferido para a linha de produção.

Neste sábado (15), o paratleta do Comitê Paralímpico Brasileiro, Ariosvaldo Fernandes, conhecido por Parré, irá participar de testes de validação do equipamento. A proposta é desenvolver este equipamento visando a transferência desta tecnologia para a sociedade, empresas do setor, associações e pesquisadores interessados.

Antes deste protótipo, a empresa fabricante precisava enviar um funcionário para tirar as medidas do atleta. Depois disso, a cadeira era fabricada e enviada para que o atleta a testasse. Quase sempre eram necessários novos ajustes, com o retorno do equipamento para a empresa. Com todo esse trabalho, a estimativa de custo dos itens é alta, em torno de R$50 a R$60 mil. O novo protótipo permite a redução do tempo de desenvolvimento do projeto, aliado ao processo de fabricação e, consequentemente, a previsão é de redução dos custos totais.

Os benefícios que esse equipamento proporcionará ao paradesporto estão associados ao desenvolvimento de cadeiras de corridas personalizadas, permitindo uso de tecnologia por impressão 3D e buscando uma redução nos custos finais para o esporte e o atleta. A proposta de novos materiais e métodos de fabricação pretende reduzir custos para o esporte paralímpico de alto rendimento, beneficiando os paratletas que não tem condições para custear o equipamento e subsidiando o Comitê Paralímpico Brasileiro nesta área de atuação. E assim como acontece na Fórmula 1 há perspectiva que as tecnologias desenvolvidas hoje pelo protótipo deverão baratear também no futuro os preços de novas cadeiras de rodas para não-atletas.

O protótipo

O equipamento de prescrição é utilizado para realizar diversas medições e regulagens de acordo com as características ergo-antropométricas do indivíduo, de forma que é possível avaliar qual a melhor acomodação do atleta. Para obter o melhor desempenho, a  propulsão na cadeira de rodas de corrida personalizada é otimizada individualmente, de acordo com a parametrização a ser feita utilizando o equipamento de prescrição. Estas dimensões são alimentadas em tempo real, de forma online, de tal maneira que, o projeto estrutural de uma cadeira de rodas de corrida real é automaticamente implementado, e que reduz de forma drástica os tempos de desenvolvimento do projeto estrutural desta nova cadeira.

O atleta paralímpico Parré compete em provas de atletismo em cadeira de rodas de corrida na classe T53. Ele representou o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos do Rio 2007, Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019, conquistando diversas medalhas de ouro e prata. Além de uma medalha de Bronze no Campeonato Mundial de Lion em 2011.

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